Pra que servem os jornais de hoje em dia?

Aprendi a ler jornal com meu pai. Ele lia o Globo. Ali por volta dos 14 anos comecei a ler o Jornal do Brasil. Achava o máximo ler as colunas do Moacyr Werneck, Veríssimo, Zuenir Ventura, Fritz Utzeri e outros mais. Tudo isso somado ao Caderno B e o Idéias, que traziam cultura e mais cultura, mesmo que na época grassasse a ditadura.

newspapers-444447_1920
Estava entrando no ensino médio – no meu tempo era chamado de 2º grau –. Um pouco depois, já trabalhando como menor aprendiz do Banco do Brasil, na agência da Praça da Bandeira, comecei a ler o Pasquim. Paulo Francis, Millôr, Ziraldo, Fausto Wolff, Armindo Blanco, Reinaldo, Aldir Blanc, Ivan Lessa e tantos outros preencheram minha adolescência com suas palavras. Eu tinha 15 anos. Mantive o hábito até o famoso hebdomadário fechar.

Na faculdade, já com 18 anos, eu agreguei a Folha de S. Paulo como um dos jornais que eu gostava de ler. Eram outros tempos. Já adulto assinei a JB, mas infelizmente ele findou.

Mantive a assinatura da Folha durante muitos anos. Até que, definitivamente, o diário virou o timão para estibordo e se tornou algo que não conseguia mais ler, apesar do Janio de Freitas e do Xico Sá.

Outro dia, aqui em casa, quebrei um copo e cadê que eu achava jornal velho para embrulhar os restos mortais (e fatais) do copo? Concluí: Hoje em dia, os jornais não servem nem para embrulhar caco de vidro.

Entenda o poder da televisão em menos de 5 minutos

“Porque menos de 3% de vocês leem livros. Porque menos de 15% de vocês leem jornais. Porque a única verdade que você sabem é a que sai dessa caixa preta*. Nesse exato momento há uma geração inteira que nunca aprendeu nada que não tivesse saído dessa caixa preta. Essa caixa preta é seu evangelho. É a revelação máxima. Essa caixa preta pode fazer ou tirar presidentes, papas e primeiros ministros. Essa caixa preta é a maior força que existe em todo o mundo de Deus”.

Esse discurso foi proferido por Howard Beale,um âncora de televisão que tem um colapso nervos,  interpretado por Peter Finch no filme “Rede de Intrigas” (1976). Qualquer semelhança não é mera coincidência com a atualade.

*Na tradução a palavra “tube“, o mesmo que tubo ou tela de televisão é traduzida como “essa caixa preta”.

Dicionário muito estranho da Língua Portuguesa

Em tempos de reforma ortográfica, podemos ver o que um dicionarista português fez ao criar um Dicionário da Língua Portuguesa no século 18.

O que impressiona é a lógica para explicar as palavras. Por exemplo, bigode, é descrito como “duas torcidas de barba”, ou a palavra tubo, que, para o lexicógrafo nada mais é que um “canal diclinportredondo”. Isso para não falar da pérola das pérolas: roda, que é singelamente apresentada como uma “bola chata”.

Certamente, a língua portuguesa é uma das belas. Entretanto, certas coisas nos saltam aos olhos quando tentamos entender o significado de algumas de suas palavras e, mais interessante ainda, quando alguém cria significados vindo de qualquer lugar, menos do senso comum que formou e dá dinamismo a uma língua. Este é o caso do lexicógrafo português Bernardo de Lima e Melo Bacelar, que no século 18, deu-se ao trabalho de criar uma obra de fôlego (muito, por sinal), o Diccionario da Lingua Portugueza.

Abaixo estão algumas palavras do referido dicionário apresentadas pela autora. Quando alguma palavra não for de nosso conhecimento geral, você terá a definição obtida através do dicionário Aulete Digital, nas notas de pé de pagina deste artigo:

Abdômen – parte do umbigo;

Água – segundo elemento;

Antraz1 – leicenço2 que come até matar;

Bacharel – falador formado;

Bigode – duas torcidas de barba;

Bilha – vaso que faz som bil-bil ao vazar;

Bisbis – som que parece rezar;

Biscoito – pão duas vezes cozido;

Bisconde – duas vezes conde;

Bismuto – meio metal;

324-ef0-besugo Bisugo – peixe a quem sugam duas vezes a gostosa cabeça;

Borzeguim – bota de borrego;

Bucho – fundo do estômago;

Buço – fundo do nariz com pelinhos;

Cabra – animal de pelo;

Cachaço – caixa dos miolos;

Cachimbar – tirar fora o mau suco, fumando;

Carneiro – ovelha macho;

Castanha – bolota de certa árvore;

Castiçal – que dá fogo e luz;

Caracol – peixe glutinoso ou anfíbio, de curva ou espiral figura;

Coque – pancada no coco da cabeça;

Esbirro – o que tem de birra e prende;

Espingarda – arma que deita faíscas da pederneira ou pingas abrasadoras;

Farda – casaca nova de vários panos e cores;

Gaiola – vaso furado para ter pássaros;

Gazeta – papel que tem riqueza histórica;

Jeropiga3 – santa bebida;

Legume – grãos de cozer;

Leite – suco materno;

Lenço – pano de linho;

Louro – cor de papagaio;

Macaco – animal de trejeitos delirantes;

Murça – pele de certos ratos nos ombros eclesiásticos;

Pia – vaso purificador pelo batismo e de beber o gado;

Pigmento – cor que se põe na cara;

Porcelana – louça redonda;

Roda – bola chata;tarso

Ruço – entre o vermelho e o negro;

Tarso – palma da mão ou do pé;

Tris-tris – som de vidros quebrados;

Tubo – canal redondo;

Vértebra – dobradiça das costelas;

Vertigem – rodadura do cérebro.

A descoberta dessa pérola foi feita por mim há alguns anos(1991) quando comprei num sebo, o livro As grandes anedotas da história – editado em 1976 –, de Nair Lacerda, em que vários e vários casos curiosos e pitorescos foram por ela coletados. O livro é muito bom e a introdução nos explica o significado da palavra anedota (coisa inédita, porém de breve relato). Na época em que o livro foi escrito, a autora lamentava não ser possível encontrar com facilidade um exemplar do dicionário. O que seria de nós sem a internet? Você pode ler a edição fac-similar, no portal Open Library. Clique aqui e se delicie, mas antes veja algumas das palavras contidas abaixo. A ortografia é do século 18; portanto, você terá uma pequena dificuldade inicial para entender algumas palavras, mas com cinco minutos de leitura você já poderá se considerar um exímio paleógrafo.

Após a exposição desses exemplos, a autora nos conta a história de como Bernardo de Lima e Melo Bacelar classificou a palavra silogismo – raciocínio sobre duas premissas, acrescentando “Veja: Ceroulas”. É de chorar de rir. Porém, o lexicógrafo, apesar de tudo foi capaz de escrever uma gramática que foi muito importante e erudita, a Gramática Filosófica da Língua Portuguesa. Dá para entender?

_______

1 Infecção cutânea, gastrintestinal ou pulmonar grave, causada pelo Bacillus anthracis ou seus esporos, que ocorre esp. em caprinos, equinos e ovinos, e pode ser transmitida ao ser humano pelo contato direto com animais doentes ou com seus dejetos, pela ingestão de carne contaminada ou ainda pela inalação dos esporos do bacilo; CARBÚNCULO [F.: Do gr. ánthraks, akos, pelo lat. anthrax, acis.]

2s. m. || fleimão, furúnculo

3sf. – 1 Bebida preparada com mosto, açúcar e aguardante; 2 Enol. Vinho de fermentação alterada pela adição de aguardante; 3 Vinho de má qualidade; ZURRAPA. [F.: De or. obsc.]

O rosário no iPhone: gadgets e a fé

Nos EUA, os aparelhos eletrônicos (smartphone, iPod, notebook e demais gadgets) começam a ser utilizados no auxílio da fé como, por exemplo, é o caso da iRosary, um aplicativo para o iPhone ou iPod Touch, que permite iphonedispor de um rosário eletrônico na telinha dos aparelhos, para você rezar o Terço. A ideia de criar o aplicativo surgiu quando Dave Brown e sua esposa Jackie estavam no quarto do hospital em que sua filha, Isabella, fazia tratamento contra um tipo de câncer.

"Então, olhamos para estes iPhones em nossas mãos e nós dissemos: "Puxa, não seria grande se nós pudéssemos colocar o rosário diretamente aqui e, por isso, não precisaria haver uma luz acesa durante a noite, enquanto nós estivermos sentados lá no quarto de Isabella, no hospital?"

Alguns detalhes do aplicativo:

  • a contas (miçangas) que compõem o rosário podem ser giradas com toques na tela;

  • você pode escolher 243 tipos de design para a cruz e contas (miçangas);

  • orações em inglês, francês, espanhol e latim;

  • o treco faz o aparelho vibrar nos momentos de maior fervor.

Além disso, há também  o portal Pope 2 You  (algo como O Papa para você), e pode ser acessado em outras quatro línguas: Francês, Italiano, Espanhol e Alemão.

Não são apenas os católicos da terra do Tio Sam  que contam com as modernices tecnológicas para angariar um número maior de almas para seus rebanhos, os protestantes não tem apenas, hoje, os famosos pastores eletrônicos; já dispõem de uma rede de satélites para transmitir a programação do portal Life Church TV, permitindo, assim, que toda semana cerca de 60 mil computadores estejam conectados ao mesmo tempo em rede para, segundo as palavras contidas no referido portal, “Toda semana, nos unimos ao redor do mundo para adorar a Deus e à experiência de uma mensagem relevante e poderosa, que ensina as verdades da Bíblia”.

Para os judeus, apesar de vários religiosos já fazerem uso de meios eletrônicos para serem contatados, como o site Ask Moses (pergunte a Moisés), que só não responde às perguntas durante os feriados religiosos e o sabath (sábado). Um dos organizadores do site que afirma que "Não pretendemos substituir a conexão humana ou a interação humana", (…) "Nossa reivindicação é que estamos a um outro nível que pode realmente ajudar uma pessoa a alcançar um objetivo que, caso contrário pode ser impossível sem isso." Para os religiosos judeus mais conservadores, coisas como este site constituem uma forma de exceção, no sentido de “não é bem isso que se deve fazer”.

Por qual motivo não falam Jesus de forma natural?

Ao ler o artigo Religion Finds Home On IPhones, Social Networks, de Jessica Alpert para o NPR, eu achei interessante a forma pela qual se referem a Jesus. Eles, os norte-americanos, são capazes de jogar bombas atômicas, mas sentem medo ao falar a palavra Jesus, tanto que pronunciam “gee” (djii), uma metonímia do nome daquele rapaz judeu, mais conhecido por Jeoshua e que foi parar na cruz pagando nossos pecados. Deus, então, é mais conhecido como Gosh. Sabe aquela coisa de não pronunciar o nome do vosso deus em vão?  Cada povo com suas manias e sua cultura, não?

Em um filme (clássico), “A História do Mundo – Parte 1”, do diretor Mel Brooks (Melvin Kaminsky), há uma cena hilária que se passa durante a santa ceia (last supper para os comedores de rotidógui), na qual ele, Mel Brooks, interpreta o garçom que atende aos pedidos feitos pelos 12 apóstolos e Jesus. No meio do diálogo, já beirando o non sense, por não conseguir que os 13 participantes à mesa fizessem o pedido, ele exclama Jesus!, que soaria para nós, tupiniquins, como algo do tipo “caramba…”, no sentido de “mas que saco!”. E o que acontece? Jesus, que é interpretado pelo ator inglês John Hurt, pensa que está sendo chamado.

Entretanto, antes do diálogo citado, há uma outra situação muito engraçada quando o garçom espera que todos façam seus pedidos e Jesus diz que naquela noite, um deles o trairá. Ato contínuo, o garçom faz uma pergunta direta a… Judas. O que perdeu as botas lá longe dá um salto da cadeira e, quase que mortificado, pede para que os deixem em paz.

Atenção para o pastelão histórico: Após o diálogo, imagine quem surge na sala em que ocorre a santa ceia? O seu, o nosso, o de todos nós… Leonardo Da Vinci! Veja o vídeo.

Bloco de artistas contra os políticos corruptos

Sob as bençãos de Claude Lévi-Strauss e René Descartes, que são representados em estandartes (alegorias e adereços), um bloco de artistas mambembes percorreu, hoje, 11 de dezembro de 2009,  algumas ruas da Lapa, Rio de Janeiro, cantando marchinhas de Carnaval. A irreverência, marca registrada dos cariocas, se fez presente mais uma vez mesmo que a plateia fosse de alguns poucos transeuntes.

O que vale é o registro dessa manifestação de repúdio aos políticos corruptos.