França e Brasil, uma relação com mais de 500 anos

Visite o portal A França no Brasil, que a Biblioteca Nacional colocou no ar recentemente, para conhecer e saber como esses dois países desenvolveram trocas culturais, praticamente desde as primeiras navegações quinhentistas.

 

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O portal é recheado de iconografia sobre o tema, além de oferecer informações sobre os primeiros contatos entre franceses e brasileiros, as missões artísticas, a influência literária e outros assuntos.

Que as relações entre o Brasil e a França são seculares todos nós sabemos. O que muita gente não sabe está no campo da influência cultural – em praticamente todos os níveis –, desde que nos tornamos uma terra conhecida, ali por volta do início do século XVI e, desde então, os franceses aportaram em nossas praias. Algumas vezes como comerciantes legais e outras tantas como comerciantes ilegais, isto é, trocavam espelhinhos com nossos silvícolas, tentaram fundar uma “França” no Rio de Janeiro, a França Antártica e até alguns piratas se tornaram figuras conhecidas dos cariocas dos séculos XVI e XVII.

Digamos que tudo começou com o famoso Tratado de Tordesilhas, no qual Portugal e Espanha, as duas potências marítimas dos séculos XV e XVI, acharam por bem dividir o mundo entre si, tendo a benção do maior poder da época, a Igreja Católica. Tudo arrumado entre os ibéricos, após algumas escaramuças e firmaram o acordo. Só esqueceram de contar para os outros monarcas, em especial, o rei francês Francisco I que disse o seguinte: “Em qual cláusula do testamento de Adão está escrito que o mundo tem que ser repartido entre Portugal e Espanha?”. Daí em diante, a disputa pela Terra Brasilis se tornou questão de diplomacia e conflitos entre esses reinos europeus.

E, desde então, o Brasil esteve no imaginário francês e nós absorvemos parte da cultura francesa, tanto que, até o início do século XX, podemos dizer que o Brasil, culturalmente, foi um país francófilo.

O que você anda pendurando nas paredes?

Uma das grandes dificuldades estéticas de se manter uma casa de um jeito bacana é saber o que vamos pendurar nas paredes dos diversos cômodos. Somos seres estéticos e isso é algo que nos molda desde as cavernas, vide as grutas de Lascaux (França) e Altamira (Espanha).

Agora, como é que nós vamos ornar e conferir prazer visual a nós mesmos e aos nossos visitantes se não sabemos o que pendurar nas paredes? Eu, por exemplo, já vi um pôster do Che Guevara na parede em que se encostava o espaldar da cama. Ele ficava ali, justamente, no lugar em que geralmente se colocava o símbolo que representa aquele rapaz judeu que foi parar na cruz dos romanos. Bom, como eram um professor de história e uma professora de artes, esse casal de amigos rezava pela cartilha do materialismo dialético. Logo, símbolos religiosos não pegavam bem. Tudo é uma questão de gosto e estética e cada um tem o seu.

Eu estou relendo um livro sobre a Hollywood dos anos 1930 e 1940 (City of Nets – A portrait of Hollywood in the 1940´s), que, segundo o autor, Otto Friedrich, foi o período áureo da indústria do cinema norte-americano e que, certamente, não volta mais. Nesse livro são analisados e apresentados vários fatos e também todos – ou quase todos – os personagens  importantes que transitaram por ruas, sets de filmagem e estúdios nesse período. Um dos filmes retratados é Casablanca, um dos maiores clássicos da sétima arte. São contadas algumas curiosidades como as recusas do papel principal, até chegar às mãos de Humphrey Bogart, por exemplo.

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Uma das coisas boas da internet é que ela nos permite ler um livro procurando imagens de pessoas e lugares citados em seus parágrafos. Portanto, aqui, diante da tela do computador eu fui rever as informações sobre esse filme no IMDb (Internet Movie Database), um referencial para qualquer um que goste de saber sobre o cinema e tudo mais que o envolve. Assim, vendo as fotos da filmagens, lá estavam dezenas de reproduções dos pôsteres do lançamento do filme, em 1942. E o mais legal é que aqui ao meu lado, pendurado na parede (imagem acima), está um desses pôsteres. Ainda me deliciando com o que estava vendo, decidi procurar uma imagem para fundo de tela aqui do meu computador. Me deparei com uma loja online de pôsteres e qual não foi a minha surpresa? Há pôster de tudo que é filme que você possa imaginar e a loja até ajuda você a escolher o melhor lugar para pendurar esse ou aquele pôster. Abre uma janela que apresenta alguns ambientes que podem ser assemelhados aos de sua casa e lá colocam a imagem.

E como todos nós temos uma coisa chamada bicho carpinteiro a nos instigar as idéias, ao ir até a cozinha buscar café, logo após ter começado a escrever o artigo, observei a parede da sala. E não é que, desligado que sou, me dei conta que há diversos quadros pendurados; com reproduções de papiros, um autorretrato da Frida Kahlo, uma miniatura da Pedra do Sol, uma réplica de uma faca cerimonial Inca e alguns quadros menores.

Então, voltamos ao primeiro parágrafo, quando se fala do senso estético entre nós. Para alguns, ter este tipo de representação iconográfica pode não ser interessante. Para outros, certamente é. Portanto, o que penduramos nas paredes representa muito mais o que pensamos a respeito de nós mesmos e do mundo que nos cerca e exprime um tanto de nossas personalidades.

Uma curiosidade: o que você anda pendurando e pintando nas paredes de sua “caverna”?

Gruta de Lascaux, uma visita virtual em 3D

Veja as imagens feitas por nossos antepassados nas paredes da gruta de Lascaux, como se estivesse ao lado de um deles. Você será levado às diversas câmaras. Sugiro que deixe o roteiro (em flash) carregar até o final. Vale a pena. Clique na imagem para iniciar a viagem.

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 Clique sobre a imagem

Imagine que você voltou no tempo e é um dos primeiros seres humanos a ter percepção de si próprio e, além disso, sente uma necessidade enorme de representar o que pensa a respeito do mundo que o cerca. Isso também tem a ver com rituais xamânicos de caça e, assim, você começa a pintar nas paredes de sua caverna cenas representando os animais que caçará, e magicamente se apodera de suas formas e vida.

Os textos explicativos podem ser lidos em Francês, Inglês, Alemão e Espanhol. Também há uma versão em linguagem de sinais.

Também são apresentadas as diversas fases da exploração arqueológica, desde a descoberta, em 1940, até os dias atuais. As datações das pinturas nas paredes da caverna (Arte parietal), remontam a 30 mil. anos. A caverna foi ocupada até 10 mil anos antes da nossa era. Assim, vários grupos podem tê-la utilizado como santuário durante milênios.

Hoje, o grande desafio é conservar as condições do microclima da caverna, responsável pela permanência e manutenção das imagens no estado em que foram encontradas. A presença de público (turistas) foi proibida, pois, imagine, a respiração dos que lá se encontravam faziam a concentração de CO² atingir níveis perigosos para as imagens. Foram, então, instaladas máquinas de regeneração do ar e também outros aparelhos para controlar a umidade, responsável pelo surgimento de fungos – a praga verde –, que os pesquisadores identificaram.

Atualmente, estão sendo feitos novos experimentos para impedir a rápida deterioração desse santuário da humanidade.

Um jogo na tumba do faraó.

Um interessante jogo que, ao completar, você cria um wallpaper tendo seu nome escrito em hieróglifos.

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O Musée de la Civilization, que fica em Québec, a parta francesa do Canadá, inaugurou a exposição Fascinating Egytpian Mummies, (clique para jogar) que vai até abril de 2010. Como não está nos meus planos recentes ir até o Canadá, valeu a dica que vi no blog WebUpon, que traz ainda mais nove sites interativos para você se deliciar.

A fotografia como arma de guerra

Fotografias tiradas por soldados alemães durante a Segunda Guerra Mundial mostram as atrocidades vistas por esses fotógrafos anônimos em dois slides shows.

Assim como hoje, uma época em que temos acesso a diversos tipos de meios de comunicação e transmissão de textos e imagens, durante a Segunda Grande Guerra, o fotojornalismo foi, talvez, uma das partes mais importantes da cobertura dessa guerra que dividiu o mundo entre antes e depois.

guerraspiegel01  Clique sobre a imagem para ver um slide show [Imagem ₢ Spiegel online]

O que a maioria de nós não sabia é que os soldados alemães também fotografaram a guerra; porém, a fotografia era considerada, como nunca antes se pensara, como uma das facetas da máquina de guerra, em especial da propaganda nazista. Portanto, aos soldados era terminantemente proibido levar máquinas fotográficas para o campo de batalha. Entretanto, vários deles conseguiam esconder suas câmeras e fotografias dos censores nazistas que vistoriavam as tropas regularmente.

Vários fotógrafos foram recrutados para obterem fotos “oficiais”, logicamente favoráveis aos militares, tanto que um desses fotógrafos declarou que “a câmera se tornou uma arma na mão dos militares”.

Tal qual o lado Aliado, aos fotógrafos não era permitido fotografar cenas de derrota ou soldados mortos. Aqui cabe um parêntese: A Guerra do Vietnã começou a ser combatida pelos próprios norte-americanos, assim que as imagens de seus filhos mortos em combate começaram a surgir nos jornais e telejornais. Até então, os horrores da guerra eram apenas relatos que poderiam se perder na poeira do tempo e da distância, mas quando a imagem é usada em tempo real, a sensação de horror se torna imediata. Fotos de soldados ou oficiais da SS trucidando judeus também eram proibidas.

Robert Capa, o grande fotógrafo, em relação a guerra declarou o seguinte: “Espero permanecer desempregado como um fotógrafo de guerra até o fim da minha vida”, que na época era contratado da revista Life, e retratou a guerra com suas lentes. Foram muito mais fotos de sofrimento do que de júbilo dos vencedores que ele registrou.

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Clique sobre a imagem para ver um slide show [Imagem ₢ Spiegel online]

Quando os soldados alemães mortos ou capturados em batalha eram revistados por outros soldados, por exemplo, os russos do Exército Vermelho, estes encontravam fotografias e mais fotografias; sendo que boa parte eram registros de atrocidades cometidas contra judeus, russos, sérvios e demais povos derrotados. Essas mesmas fotografias, posteriormente, serviriam como provas nos julgamentos dos criminosos de guerra. O mesmo se deu quando as tropas aliadas chegaram aos campos de concentração. A quantidade de fotografias das atrocidades prova que, ao contrário do que argumentam alguns lunáticos, os campos de concentração eram verdadeiros matadouros, ou melhor,  pedaços do inferno.

Premonitoriamente, um pouco antes de morrer nas mãos dos nazistas, o filósofo Walter Benjamin, de origem judaica, fez a seguinte pergunta: “Não é o fotógrafo que tem a obrigação de expor o culpado com suas fotos?” Permita-me uma dica de um livro lido por este que vos escreve: Leia o livro Walter Benjamin: Imagens, dos professores Carlos Pernisa Jr, Fernando Furtado e Nilson Alvarenga, que analisam como esse filósofo enxergava o mundo através da fotografia e a importância que a mesma representava em seu pensamento.

Leia também, o artigo Primeira Guerra Mundial em Fotos Coloridas.

* Este artigo foi criado a partir da tradução e adaptação feitas por mim, do artigo How the Camera Became a Weapon, da revista Spiegel Online.