A saúde do Papai Noel está em risco e também a ciência explica por que ele provavelmente não exista.
Não é tolerável que alguém que tenha um estilo de vida pouco saudável, condições de trabalho não tão razoáveis, para, e em seguida, acarretar o stress de ter que entregar 152 milhões presentes de Natal em 24 horas.
É o que dizem os pesquisadores da Universidade de Gothenburg (Suécia), ao constatarem, apenas olhando para aquele rosto gordo e rosado para, juntamente com uma simples análise visual de sua silhueta para afirmarem que ele pode sofrer um ataque cardíaco a qualquer momento. Também não está descartada a possibilidade de um derrame. Além disso, segundo a doutora Annika Rosengren, do departamento de medicina vascular da referida universidade, “Ele pode fazer um tratamento contra a diabete e a hipertensão. Sem querer magoá-lo, sugiro que tome remédios para baixar o colesterol. Porém, novas pesquisas indicam que ele pode estar em um acelerado processo de demência devido a sua obesidade abdominal”.
Como podemos ver, o caso é grave e o bom velhinho está com suas horas contadas se formos acreditar em todos os diagnósticos feitos pelos médicos. Em minha opinião, médico é igual a mecânico de automóvel. Todas as vezes que vamos a um dos dois, sempre aparece um problema na rebimboca da parafuseta. Ambos conseguem incutir medo em dois pontos específicos da anatomia humana, a saber: a cabeça e o bolso! Ambos pontos da anatomia vão doer pra caramba. Não se vai a um dos dois especialistas sem estar devidamente ciente de sua conta bancária.
Muito açúcar e gordura
Como a vida do Papai Noel parece ser tranquila durante 364 dias em sua terra, a Lapônia, em que, imagina-se ele beba água fresca e tenha uma dieta baseada em salmão e carne de rena; tudo isso vai para escanteio quando chega a época do Natal. O sono é afetado e a tensão para atingir o objetivo, além de maximizar as entregas dos presentes, destrambelham tudo e dá-lhe stress sob aquele gorrinho vermelho. A pressão sobe, os nervos ficam à flor da pele e, certamente, ele até deve apresentar problemas de pele, pois o terreno – seu corpo – está criando condições para que surjam perebas devido ao grande stress. Como em alguns países é comum deixar em cada casa um lanchinho (bolos, biscoitos, pernil e, se bobear, até água que passarinho não bebe) para o Papai Noel tomar tão logo entregue os presentes, ele está se empanturrando de açúcar e gorduras saturadas. É o que afirma outro pesquisador, o doutor Mette Axelsen, do departamento de Nutrição Clínica, que arremata: “Isso pode ter algum tipo de efeito nocivo ao seu ritmo cardíaco”.
A matemática é inimiga do Papai Noel
Façamos uma conta: Há 2 bilhões de crianças no mundo. Como o Natal é uma festa cristã é óbvio que o Papai Noel não entrega presentes para crianças judias, budistas e muçulmanas. Portanto, sobram “apenas” 380 milhões de crianças que deverão receber seus presentes na noite do dia 24 de de dezembro.
Continuando a conta: Cada casal, segundo estatísticas atuais, tem em média 2,5 filhos (esse 0,5 é que complica, não?). Isso equivale a 152 milhões de visitas. Perceba que o “crescei e multiplicai-vos” ajuda na hora da divisão. No frigir dos ovos, o Papai Noel deve fazer 900 visitas por segundo para poder atender a todos os pedidos que, de acordo com Stefan Lemurell, do departamento de Ciências Exatas, só podem ser realizados se a rota for muito bem planejada e viajar no sentido oeste para que possa prorrogar o prazo de 24 horas.
A física é contra o Papai Noel
Lembram-se daquelas aulas em que o professor de física iniciava assim: “Um móvel retilineamente em movimento…”. Pois é, chato demais mesmo. Pois é essa mesma mecânica que vai nos mostrar que o Papai Noel precisaria ser tão rápido quanto a velocidade da luz para dar conta do recado.
Digamos que cada casa esteja distante uma da outra em 100 metros, em média. Entre estacionar o trenó, descer pela chaminé, entregar os presentes, tomar o tal lanchinho, subir pela chaminé e retomar o trajeto, o trenó deve viajar a 90km por segundo, o que equivale a aproximadamente 265 vezes a velocidade do som. Vejamos o que a professora Maria Sundin, do departamento de Física nos informa a respeito: “A aceleração necessária para realizar a tarefa implica uma força g de 14 milhões de vezes a gravidade da Terra. Pilotos de caça ficam inconsciente em 7g”. Lógico que ao se aprender como o Papai Noel consegue essa proeza que desafia as leis da física, a humanidade já poderia começar a sonhar com viagens espaciais tão corriqueiras quanto tomar um trem.
A biologia não ajuda o Papai Noel
Para que possa entregar todos os presentes, Papai Noel precisaria ter um rebanho de renas com cerca de 2 milhões de animais. Basta fazer a conta (novamente a matemática): Se cada criança recebe um presente que pesa 1kg, a pilha de presentes sobre o treno pesaria 380 mil toneladas. Como o bom velhinho é espaçoso e pesado, fica-se imaginando que uma rena, cuja capacidade de carga não ultrapassa os 200kg, deve sofrer. Tudo bem, ele tem várias renas atreladas ao trenó, mas como é que ele vai fazer para decolar e aterrizar tendo tamanha carga? Complicado, não?
Vejamos: se cada presente tiver as dimensões 10x20x20cm, o volume de todos eles cobriria o gramado do Maracanã e ainda teria vários metros de altura. A energia gasta para transportar a carga pelo espaço faria com que, não apenas os presentes, mas também o Papai Noel e suas renas, virassem churrasco milésimos de segundo após a decolagem.
Portanto, a ciência nos prova por A + B que o ritmo de vida extenuante do Papai Noel é uma prova de que ele não existe. Agora está explicado por qual motivo ele jamais entregou a Ferrari F50 que peço todos os anos.
* Este artigo foi escrito a partir da adaptação e tradução feitas por mim, Jorge Alberto, do artigo Santa Claus at Risk? Unhealthy Lifestyle, Unreasonable Working Conditions, and Stress, da Science Dayli, em 24/12/2009.