A fotografia como arma de guerra

Fotografias tiradas por soldados alemães durante a Segunda Guerra Mundial mostram as atrocidades vistas por esses fotógrafos anônimos em dois slides shows.

Assim como hoje, uma época em que temos acesso a diversos tipos de meios de comunicação e transmissão de textos e imagens, durante a Segunda Grande Guerra, o fotojornalismo foi, talvez, uma das partes mais importantes da cobertura dessa guerra que dividiu o mundo entre antes e depois.

guerraspiegel01  Clique sobre a imagem para ver um slide show [Imagem ₢ Spiegel online]

O que a maioria de nós não sabia é que os soldados alemães também fotografaram a guerra; porém, a fotografia era considerada, como nunca antes se pensara, como uma das facetas da máquina de guerra, em especial da propaganda nazista. Portanto, aos soldados era terminantemente proibido levar máquinas fotográficas para o campo de batalha. Entretanto, vários deles conseguiam esconder suas câmeras e fotografias dos censores nazistas que vistoriavam as tropas regularmente.

Vários fotógrafos foram recrutados para obterem fotos “oficiais”, logicamente favoráveis aos militares, tanto que um desses fotógrafos declarou que “a câmera se tornou uma arma na mão dos militares”.

Tal qual o lado Aliado, aos fotógrafos não era permitido fotografar cenas de derrota ou soldados mortos. Aqui cabe um parêntese: A Guerra do Vietnã começou a ser combatida pelos próprios norte-americanos, assim que as imagens de seus filhos mortos em combate começaram a surgir nos jornais e telejornais. Até então, os horrores da guerra eram apenas relatos que poderiam se perder na poeira do tempo e da distância, mas quando a imagem é usada em tempo real, a sensação de horror se torna imediata. Fotos de soldados ou oficiais da SS trucidando judeus também eram proibidas.

Robert Capa, o grande fotógrafo, em relação a guerra declarou o seguinte: “Espero permanecer desempregado como um fotógrafo de guerra até o fim da minha vida”, que na época era contratado da revista Life, e retratou a guerra com suas lentes. Foram muito mais fotos de sofrimento do que de júbilo dos vencedores que ele registrou.

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Clique sobre a imagem para ver um slide show [Imagem ₢ Spiegel online]

Quando os soldados alemães mortos ou capturados em batalha eram revistados por outros soldados, por exemplo, os russos do Exército Vermelho, estes encontravam fotografias e mais fotografias; sendo que boa parte eram registros de atrocidades cometidas contra judeus, russos, sérvios e demais povos derrotados. Essas mesmas fotografias, posteriormente, serviriam como provas nos julgamentos dos criminosos de guerra. O mesmo se deu quando as tropas aliadas chegaram aos campos de concentração. A quantidade de fotografias das atrocidades prova que, ao contrário do que argumentam alguns lunáticos, os campos de concentração eram verdadeiros matadouros, ou melhor,  pedaços do inferno.

Premonitoriamente, um pouco antes de morrer nas mãos dos nazistas, o filósofo Walter Benjamin, de origem judaica, fez a seguinte pergunta: “Não é o fotógrafo que tem a obrigação de expor o culpado com suas fotos?” Permita-me uma dica de um livro lido por este que vos escreve: Leia o livro Walter Benjamin: Imagens, dos professores Carlos Pernisa Jr, Fernando Furtado e Nilson Alvarenga, que analisam como esse filósofo enxergava o mundo através da fotografia e a importância que a mesma representava em seu pensamento.

Leia também, o artigo Primeira Guerra Mundial em Fotos Coloridas.

* Este artigo foi criado a partir da tradução e adaptação feitas por mim, do artigo How the Camera Became a Weapon, da revista Spiegel Online.

7 comentários sobre “A fotografia como arma de guerra

  1. Posso ser sincero? Só vi uma foto onde um soldado alemão participa de um fuzilamento, o resto das fotos são meras cenas de guerra…

    Digo mais, essas fotos são fichinha perto do que a gente viu no último massacre ocorrido na faixa de Gaza pelo exército israelense, bombas de fragmentação, fósforo branco, radioativas, criancinhas mortas dentro de escolas…

    Não existem inocentes em guerra alguma, e aos derrotados geralmente se atribuem todas as culpas, todos os crimes, enfim, toda a derrota.

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  2. Também não vi nada assim tão chocante. Quanto a foto do fuzilamento, poderia até ser de guerrilheiros, que até hoje, podem ser mortos sumariamente, pois não há nenhuma lei internacional que reconheça essas milícias. A Alemanha pelo menos reconhece suas atrocidades e até hoje indeniza as vítimas, caso esta possa comprovar.
    Já os vencedores jamais irão admitir publicamente os crimes que cometeram, o que não foram poucos.

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  3. Concordo com o post acima,os aliados também cometeram crimes de guerra e.g bombardeio de dresden no final da guerra ou as bombas atômicas e nunca serão punidos pois são os vencedores,as atrocidades alemãs são bem documentadas e conhecidas mas muita coisa foi varrida pra baixo do tapete pelos aliados.não tem santo nessa história…

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  4. Existe um pequeno problema em tentar comparar o que acontece hoje em dia nas guerras com o que os nazistas fizeram. Na Palestina, temos dois povos que estão lutando violentamente pela mesma terra. Já os nazistas, subiram ao poder na Alemanha enganando o povo e a comunidade internacional, já com a guerra em suas cabeças, e mataram mais de 20 milhões de europeus, sendo que destes, 6 milhões foram mortos em um genocídio sem qualquer sentido. Os aliados com certeza também fizeram massacras – os soviéticos na Polônia em Katyn, ingleses e americanos nos bombardeios, principalmente em Dresden – mas o grau da maldade feita pelos nazistas é extremamente maior.

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  5. Comentários ridículos comparando Gaza a II Guerra e massacre de judeus. O fato é que 20 milhões (isso mesmo 20.000.000) de russos morreram durante esse período, e grande parte assassinados por Josef Stalin e mais de 100 milhões (isso mesmo, 100.000.000) de chineses massacrados por Mao Tse Tung, os ídolos de gente como Lula e Dilma Roussef, no entanto para a mídia esquerdizóide nada consta contra os maiores assassinos da história da humanidade… conveniente, não? Isso explica porque um dia meu avô teve que fugiu da Ucrânia por não concordar com o massacre de gente inocente…

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  6. Parabéns pela escolha da reportagem e pela tradução.
    Como disse Benjamim Franklin, nunca houve uma guerra boa nem uma paz ruim, seja na Palestina, seja na Europa, seja no Iraque, seja na Rússia.

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