Coração no asfalto da rua não tem dono,
ninguém sabe quem e como o perdeu.
Se foi no jogo do amor ou se foi vítima de um assalto.
Visto do alto, seus contornos aparecem.
Ao rés do chão ninguém o reconhece.
Sem marcas de sangue ou suor ou lágrimas.
Coração no asfalto, quem sabe morreu
de um sobressalto
ou de um amor ingrato.
O verbo em forma de som foi o contrato
do amor contado em minutos, do gozo rápido.
Coração no asfalto todos os dias é pisado.
Sol, chuva, urina, dejetos, escarros, mendigos,
carros, pés descalços, sapatilhas, sapatos…
Coração no asfalto da rua transversa
dos antigos basfonds do amor barato,
das damas de sorriso caricato,
que leva ao alto sagrado
das descalças enclausuradas
ou que desce ao largo do pecado.
Perto da casa de Portinari,
ao lado dos sons da Cecília.
Coração no asfalto da rua
em que a Satã matou o bamba.
Por amor? Por despeito? Por um copo? Por desacato?
Coração no asfalto da rua,
que sorte venturosa
ou ingrata é a sua?
J.A – 2008
Este marca no asfalto realmente existe. A foto foi tirada hoje por mim usando um telefone celular.
Jorge:
A imagem é incrível…
A poesia é o espelho de sua criatividade e talento, revelando de maneira sensível e bela,
o coração do poeta, capaz de retirar do asfalto, tanta beleza e sentimentos…
“Coração no asfalto da rua não tem dono,
ninguém sabe quem e como o perdeu”.
Fiquei sem palavras…
Um abraço.
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Jorge:
É preciso muita sensibilidade para enxergar além do óbvio.
Para transformar em poesia caminhos pelos quais outros passam sem ao menos fixar a atenção.
Para ver beleza na feiúra sem lapidação.
E para fazer com que o belo, lapidado, chegue ao coração.
Gostei demais. Lindo!
Beijos
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Vim xeretar e acabei fikando, me apaixonei por esse belo cantinhu … te ofereço meu awrd (primeira plaquinha a direita) e o selo amizade ( l.d. / presentes para você). bjs azuis em seu coração.
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Lumma,
Obrigado por suas palavras e pela deferência.
bjs
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Jorge,
Você tem o dom de encantar através do inusitado. Parabéns! Mais uma prova da tua criatividade. Você conseguiu desprender a emoção das fúteis amarras do cotidiano. Mais uma vez, parabéns!
Abraço,
Helga.
P.S.: Devido o corre-corre das atividades acadêmicas, minha freqüência e postagens diminuiram. Mas sempre que posso, no mínimo, confiro tuas maravilhosas criações (mesmo quando não deixo comentário). 😉
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