O Carnaval nos faz mais brasileiros

Carnaval Gravura do Lan

É bacana ver como evoluiu o desfile das escolas de samba de São Paulo, como são interessantes o Frevo e o Maracatu em Pernambuco, os trios elétricos na Bahia com um enorme carnaval de rua. A volta dos blocos aqui no Rio de Janeiro é sensacional. Durante a Ditadura o Carnaval e o Futebol eram nossas únicas válvulas de escape. E o Martinho da Vila compôs um samba em que dizia que pra melhorar falta só mesmo é votar pra Presidente. Isto em pleno período de linha dura.

Estou escrevendo bem antes de sair o resultado do Carnaval 2008. Certamente, e neste momento deixo transparecer todo ceticismo que caracteriza um botafoguense, para dizer que não acredito na vitória da Portela. Será mais um ano que amargaremos um “fica pro ano”. Para quem torce para o Botafogo isto não é novidade. Estamos acostumados a estes espaços de tempo enormes entre um título e outro. Só não consigo entender como uma escola de tantas tradições e nomes de destaque não consiga levantar um campeonato sozinha há 38 anos.

Ah, mas como você pode observar que a Portela tem dois campeonatos nos anos 80? Sim, tem. Só que em 1980 foi junto com a Beija-Flor e a Imperatriz Leopoldinense. Foi um campeonato dividido entre três escolas. O outro campeonato foi em 1984, quando da inauguração do Sambódromo. Darcy Ribeiro, então secretário de Cultura do governo Brizola, instituiu dois campeonatos. Um para o desfile de domingo e outro para o desfile de segunda-feira. A Portela venceu no domingo e a Mangueira na segunda-feira.

E mais um carnaval se vai. Sei de muita gente que não gosta. Tudo bem, gosto não se discute e também não vou completar o pensamento com uma frase jocosa que acredito muitos saibam. Digo apenas, citando Dorival Caymi que, “quem não gosta de samba é ruim da cabeça ou doente do pé”. E aí não vai qualquer provocação. Devem dizer o mesmo de mim por não gostar de axé, pagode mauricinho e breganejo.

Tudo bem, eu sei que muitos dirão que as imagens veiculadas passam a idéia que aqui é um lugar de libertinagem e vagabundagem por ter mulheres seminuas e ficarmos quase uma semana num feriado festivo. Ora, o espírito do carnaval está na etimologia do seu conceito “Carne Levare”, a grosso modo, liberar-se para os prazeres da carne. Os gregos e romanos que trabalhavam duro pra caramba tinham em suas saturnálias e dionisíacas, as festas para liberarem o espírito durante alguns dias do ano e voltavam para a labuta em seguida. Certamente trabalhavam mais contentes depois disso.

O que não dá pra negar é a atração que o Carnaval do Rio exerce sobre as pessoas dos quatro cantos do mundo. Neste ano vieram cerca de um milhão de turistas e entraram alguns milhões de dólares no faturamento da cidade. Observando blogs e jornais do mundo inteiro é feita uma associação imediata, quase um pleonasmo entre Rio e Carnaval. Todos se referem a festa como Carnaval de Rio. O Rio oferece ao mundo o carnaval dos carnavais, está na letra do samba. O potencial da cidade para lucrar mais e mais com este tipo de evento é enorme. Antes é preciso que sejam resolvidos os problemas que todos vêem nos jornais e televisão em termos de violência.

Carnaval é parte de nossa cultura e é o que nos torna um pouco mais brasileiros. Somos assim e pronto.

A imagem que ilustra o texto é do cartunista Lan.

Leia no Dúvidas & Angústia uma reflexão muito boa sobre o Carnaval.

3 comentários sobre “O Carnaval nos faz mais brasileiros

  1. Pingback: Jorge via Rec6
  2. Adorei o texto, a frase do Dorival Caymi foi o melhor. hahaha
    Também fiz um texto sobre carnaval ou pós-carnaval, não sei ao certo.

    Abraço.

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